Carvalhaes Advogados

A Revolução Cibernética e seu Impacto nos Produtos e Serviços Jurídicos

Ana Amélia Corrêa


A quem você recorrerá? À Tecnologia ou ao “Feito por Humano”?

Segundo matéria do prestigioso site de informações JOTA, com base em estudo feito pelo Thomson Reuters Institute, 11% dos departamentos jurídicos de empresas dos Reino Unido, EUA e Canadá, usam ou planejam usar ferramentas de Inteligência Artificial (IA), pois essas ferramentas ajudariam a poupar tempo na “redação e revisão de contratos”, além de facilitar a “pesquisa jurídica”. 

Por que só onze por cento estão animados com as novas tecnologias, dentre as quais se destaca o chatbot ChatGPT? Qual seria o motivo dessa baixa adesão?

À primeira vista, parece claro que as ferramentas de IA ainda têm muito que aprender.

Num episódio recente, acontecido nos EUA, país que aderiu a Common Law, ou seja o Direito Consuetudinário, em que os processos são decididos com base em precedentes jurídicos e não em leis escritas, um advogado utilizou o ChatGPT na pesquisa de precedentes. O resultado não poderia ser pior. O chatbot simplesmente inventou casos e o advogado apressado corre o risco de perder seu registro profissional.

O olhar mais atento mostra que a questão é mais profunda. 

Estamos no olho do furacão da Revolução Cibernética. O mundo já não é o mesmo do início do século, quando a internet era discada e o aparelho de celular não sonhava ser mais do que um mero meio analógico de comunicação por voz. Também ainda não é o mundo que será quando as tecnologias de IA estiverem consolidadas.

Como na Revolução Industrial, muitos profissionais serão substituídos, não por equipamentos mecânicos, como no século XIX, mas pela IA do século XXI.

Se nossos ancestrais viram surgir a máquina a vapor que tornou possível termos hoje à disposição veículos que tornam o transporte pelo globo uma atividade corriqueira, o computador acabou com as fronteiras quando se trata de informação. Assistimos tudo, em qualquer lugar em tempo real. 

Ou seja, estamos naquele exato momento em que se vira a página do livro e não se consegue ler nem a anterior, nem a posterior. 

Mas, qual a relação disso com o Direito, as profissões jurídicas e a baixa adesão do uso da IA?

Por mais que haja, na rotina jurídica de empresas, escritórios e de Tribunais, uma série de tarefas rotineiras e repetitivas que podem ser delegadas a uma máquina ou a um robô, fato é que essas tarefas exigirão a mesma revisão que se faz do trabalho de um estagiário, por exemplo, para que se evite situações como a do advogado americano mencionado anteriormente.

Não é só isso; estamos num campo em que a percepção humana das sutilezas semânticas é insubstituível, sob pena de precarização da qualidade num ramo em que produtos e serviços defeituosos podem atingir a liberdade humana, ou, pior, causar a ruína financeira do indivíduo.

Moral da História: Mais do que nunca, buscaremos o “feito à mão” ou o “feito por humano”.

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